A Importância de Leandro Karnal para a Filosofia Contemporânea
Com gestos cadenciados, fala de um monge (talvez como uma reminiscência da sua antiga vocação) e um enorme conhecimento em história e filosofia, Leandro Karnal é hoje considerado um verdadeiro fenômeno da intelectualidade contemporânea.
São cerca de 20 livros, mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, 249 mil no Facebook, palestras e conferências sempre lotadas, entre outros números de um verdadeiro “ídolo pop” – por mais estranha que possa parecer essa definição, especialmente quando estamos falando de um acadêmico (sim, um acadêmico), professor, historiador, escritor e pensador contemporâneo.
Gênio para alguns, charlatão para outros, ele segue como um autor de frases filosóficas com um tom de auto-ajuda, alicerçadas em um impressionante cabedal de pensamentos dos mais prestigiados filósofos e pensadores da história da humanidade.
Tudo isso para colocar o “dedo na ferida”, dizer o que geralmente não gostaríamos de ouvir, mexer com o senso comum (ou abusar dele, como querem alguns) e, com isso, gerar polêmicas, muitas polêmicas!
Como aquelas que questionam duramente a sua opção por tonar-se um “filósofo de sucesso”, rico, bem-sucedido, que cobra caro por cada apresentação – o que, para muitos, desvirtua completamente a essência do que vem a ser o “amor à sabedoria”.
Mas, polêmicas à parte, não há como negar que, em tempos de medo, dúvidas, solidão, depressão e incertezas diante do futuro, as frases, pensamentos, palestras e os livros de Leandro Karnal são um sopro de esperança na vida de milhões de indivíduos nos quatro cantos do país.
Indivíduos que hoje recebem, também eles, um pouco da riqueza acadêmica e filosófica que agora, por meio do historiador (e de outros “ídolos pops da filosofia”), desce do seu pedestal para encontrar-se, afinal, com os simples mortais.
Quem é Leandro Karnal?
As origens de Leandro Karnal estão na cidade de São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde começou a sua trajetória a 1º de fevereiro de 1963, como o filho de Renato e Jacyr Karnal, dos quais herdou o gosto pela leitura e, consequentemente, pelo conhecimento.
Sua história acadêmica começa na Universidade do Vale do Rio Sinos (Unisinos), uma instituição católica e privada, onde graduou-se em história e lecionou durante um bom tempo “história da América” e das religiões.
Antes disso, a formação de Leandro Karnal também passou pelos estudos iniciais em um colégio de freiras e um ensino fundamental e médio na Ordem dos Jesuítas (ou Companhia de Jesus). Até atingir o status de Doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP).
Experiências que, aos poucos, foram forjando o filósofo das coisas práticas do dia a dia, munido que sempre esteve do conhecimento metafísico filosófico, religioso e pragmático (da sua formação em história).
O resultado? Um ateu convicto; por mais controversa que essa sua posição possa parecer.
Mas também famoso pela naturalidade e o respeito com os quais trata da religiosidade alheia; como alguém que enxerga de fora, mas sem, necessariamente, fazer qualquer juízo de valor sobre o que quer que não pertença ao universo das suas convicções.
A formação de Leandro Karnal também contempla os anos como professor de história do ensino fundamental e médio, em cursinhos pré-vestibulares e na prestigiada UNICAMP. Além de ser um membro da Associação Nacional de Pesquisadores de História Latino-Americana (ANPHLAC), da Associação Nacional de História (ANPUH), com diversas contribuições para o CNPq, FAPESP, para a Revista Brasileira de História, Capes, Editora Unicamp, entre diversas outras contribuições.
Leandro Karnal: principais livros
São 20 livros já escritos por Leandro Karnal. Quase todo eles sucessos absolutos. Alguns constantemente na lista dos mais vendidos de não-ficção no Brasil.
E quando se leva em consideração toda a produção realizada em parceria com os outros filósofos Luiz Felipe Pondé e Mário Sérgio Cortella, temos aí um total de cerca de 3,5 milhões de livros vendidos, como um dos maiores êxitos literários da atualidade.
E dentre os principais, podemos destacar:
1. Crer ou não crer
A obra já foi a 2ª mais vendida de não-ficção em 2018. Um diálogo entre um ateu convicto (Leandro Karnal) e um padre (Fábio de Melo). Para muitos, um evento improvável, para outros, mais uma das suas inúmeras e controversas campanhas de marketing.
Já para os seus admiradores, uma verdadeira aula de como dois universos tão diferentes (e até mesmo antagônicos) podem possuir tanto em comum – em especial o apreço pelas descobertas que podem surgir nos lugares mais improváveis, como no universo que encontra-se fora de nós.
Nas 192 páginas do livro ambos se propõem a mostrar como é possível dialogar, ensinar e aprender com as diferenças; desde que haja ali envolvida uma boa dose de boa vontade e refinamento na forma de pensar o mundo.
2. O Inferno Somos nós – Do Ódio à Cultura de Paz
Uma das melhores maneiras de saber quem é, verdadeiramente, Leandro Karnal, é, sem dúvida, analisar o que ele se propõe a dizer em seus livros. Pois são eles que revelam o homem por trás do mito (se é que podemos chamar assim).
E nesse não é diferente. Com a ajuda da também considerada “ídolo pop” (só que da religião), Monja Coen, o professor oferece ao seu público uma obra cujo objetivo é mostrar que “o Inferno somos nós mesmos”.
Aquele tão desgastado lugar-comum que diz que “a paz começa a partir de cada um de nós” é mais uma vez revisitado nessa obra, que faz uma reflexão sobre como transformar uma “cultura do odiar” em uma “cultura do amar”.
Além de mais uma vez lembrar a importância de termos o controle sobre os nossos instintos; as verdadeiras armas de destruição em massa desde tempos imemoriais; e que são as que estão, na verdade, por trás de toda essa dor e violência com as quais já até nos acostumamos nos dias atuais.
Se na obra anterior era o cristianismo católico que fazia um contraponto com o ateísmo de Leandro Karnal, agora é o budismo que vem em seu auxílio; e com a ajuda do qual ele tenta mostrar que somente a partir de nós mesmos essa tão sonhada paz no seio da humanidade pode ser finalmente alcançada.
3. O Dilema do Porco-Espinho
Esse é um clássico. O “Dilema do Porco-Espinho” foi publicado em 2018 e até hoje é considerada uma das principais referências entre os livros publicados por Leandro Karnal.
Com ele o seu objetivo é tratar de um outro dilema que Sigmund Freud definiu como a dor que mais fere: a relação com o outro.
Isso porque na busca por segurança, acolhimento e sentido de pertencimento, os indivíduos reúnem-se em grupos e comunidades.
No entanto, como bons porcos-espinhos que somos, não conseguimos nos manter mais do que alguns momentos nesse relacionamento de forma saudável, tal o vigor dos nossos espinhos, que entrechocam-se causando ainda mais dor e angústia do que a própria solidão.
E Leandro Karnal, em suas palestras, não deixa de lançar, vez ou outra, algumas frases e pensamentos acerca do fenômeno da solidão. Sobre as suas causas, consequências, e até mesmo sobre como ela é retratada no universo das artes – muitas vezes como o resultado do avanço do progresso.
Progresso esse que, segundo o professor, como contraparte, oferece uma série de recursos e ferramentas tecnológicas que, na maioria das vezes, aprofunda ainda mais essa solidão, concedendo-lhe, por piedade, um verniz de interação ou interatividade.
4. Conversas com um jovem professor
A formação de Leandro Karnal, como um professor com mais de 3 décadas percorrendo essa árida estrada do ensino, também contribuiu para a construção dessa obra que trata dos inúmeros aspectos dessa carreira, especialmente no Brasil.
No livro o aspecto abordado é o dos medos e das dúvidas que afligem um professor iniciante quando se vê prestes a enveredar por um universo único entre as atividades humanas, e no qual um passo em falso pode significar a perda de autoridade ou a pecha de autoritário.
Nele a possibilidade de fracasso da tentativa de controlar uma sala de aula com até 40 individualidades completamente diferentes traduz-se num desafio enfrentado por poucos profissionais em qualquer ramo de atividade.
E por meio do compartilhamento das suas experiências, Karnal tenta ao menos dar um sopro de esperança a esses professores de que, sim, é possível cumprir com essa desafiadora missão de ser professor, mesmo em se tratando do ambiente quase surreal de algumas escolas públicas brasileiras.
Leandro Karnal: frases, livros e estilo
Os eventos e as palestras de Leandro Karnal podem muito bem ser comparados a acontecimentos do “showbiz”. E quando em parceria com os outros “ícones” da filosofia” (Mário Sérgio Cortella e Luiz Felipe Pondé), as suas apresentações tornam-se “virais” em questão de segundos.
Juntos, eles foram responsáveis por fazer com que a academia descesse do “Olimpo da Sabedoria e do Conhecimento” para oferecer um pouco da sua “ambrosia” divina aos simples mortais – para muitos, uma missão valorosíssima, na medida em que contribui para elevar os espíritos; enquanto, para outros, um sacrilégio, uma verdadeira blasfêmia, um crime de morte!
Fazer da filosofia (ou dos seus conceitos filosóficos) um suporte para shows de auto-ajuda é, para os membros mais rigorosos da classe acadêmica, uma prática imperdoável! e que, de forma alguma, é capaz de produzir os supostos resultados tão esperados, a não ser entreter uma plateia circense.
Mas, polêmicas à parte, Leandro Karnal segue, inabalável, criando a cada dia frases cada vez mais espirituosas, realizando a sua engenhosa arte de retirar da filosofia respostas práticas para o dia a dia. E tudo isso com a sua voz pausada, ritmo totalmente desacelerado e sem erguer a voz, em um tom já considerado padrão, durante os discursos.
Entre uma citação de Nietzsche ali, outra de Kierkegaard acolá, ele segue na sua tentativa de explicar o mundo contemporâneo (à luz da filosofia, obviamente), com a percepção apurada de quem, como todo o mortal, sofre na pele as consequências de existir.
Nas suas palestras, sempre lotadas, ele surpreende mesmo é quando abandona o ar sério de professor formado dentro dos mais rígidos princípios eclesiásticos, para fazer uma ou outra piada sobre os políticos brasileiros e compará-los, por exemplo, a personagens de contos de fadas.
Ou então para fazer incursões sobre as diferenças entre paulistas e gaúchos, e outras variações que funcionam como um verdadeiro “achado”, capaz de quebrar o gelo e criar uma sensação de estranheza um tanto quanto agradável no público.
Uma personalidade bastante original
E apesar das polêmicas sobre se poderia ser verdadeiramente considerado um filósofo, intelectual, ou todas essas coisas que tornam um indivíduo um ser à parte no universo da intelectualidade, Leandro Karnal segue escrevendo os seus livros, criando as suas frases e realizando as suas palestras da forma como lhe é particular.
O seu objetivo primordial, como ele não se cansa de afirmar, é ensinar e ser compreendido como um professor que é; e que, para tal, utiliza-se de todos os recursos disponíveis no seu repertório adquirido na academia e na vida.
Durante as suas apresentações, entram em ação os recursos da Retórica e da Oratória que apreendeu ao longo dos anos de incursões no universo da literatura e da filosofia. Recorre a Padre Vieira e a Cícero. Mas também segue o exemplo de Demóstenes, que tornou-se o maior orador grego por meio da prática – a sua grande “arma secreta”.
Mas se precisar de uma boa dose de humor, ele não terá dificuldade alguma em ri de sim mesmo ou do mundo à sua volta; ou mesmo de lançar luz sobre um ou outro caso “constrangedor” de família. Enquanto as palavras breves, as sínteses e as imagens, segundo ele, funcionam bem para fazer com que a mensagem chegue ao ouvinte e torne-se didática e agradável.
Pois plateia e orador precisam viver em uma espécie de simbiose! É necessário que ambos cumpram os seus papéis a contento. E é nesse jogo de vai e vem que, ao final, mais uma missão acaba sendo cumprida, e Leandro Karnal conclui mais um evento cujo destino é tornar-se “viral”.
Seus objetivos e aspirações
A formação de Leandro Karnal é a de um típico intelectual dos círculos mais restritos da academia. Mas a sua rotina, ninguém duvida, é a de uma celebridade!
Sim, uma celebridade! E apesar de rejeitar com contundência tal rótulo, não há como negar que ele é, sim, um caso à parte no universo da academia.
Hoje não há evento ou acontecimento onde Leandro Karnal passe despercebido.
Na rua, um verdadeiro cortejo de admiradores o solicita para autógrafos, fotos (leia-se “selfies”, que ele odeia) e cumprimentos; uma rotina simplesmente impensável para qualquer professor, filósofo e historiador de qualquer parte do mundo.
Já com relação às suas crenças religiosas, a condição de ateu torna-se um ponto de discórdia até mesmo entre os seus admiradores. Mas, para Karnal, esse é um dos aspectos mais simples e menos envoltos em mistérios da sua vida.
Como ele costuma afirmar, o seu ateísmo em nada teve a ver com decepções, frustrações e mensagens ocultas; nada como a conversão de Saulo a caminho de Damasco, ou mesmo como uma revolta diante de uma dor incurável; nada disso!
Para ele o ateísmo foi (e continua sendo) apenas um processo natural de descoberta de que a existência de Deus não fazia nenhum sentido; por mais curiosa que seja essa afirmação partindo de um antigo jesuíta que, até hoje, se pega vez ou outra ensaiando um Canto Gregoriano no banheiro.
Assim como para ele também é um processo natural a própria vida. Com todas as suas polêmicas e controvérsias. Cercada de riquezas e de contradições como só ela sabe ser.
E é justamente por isso que ele tenta interpretar a contemporaneidade por meio da filosofia e da forma mais acessível; a fim de ajudar os indivíduos a enfrentar os seus monstros e inimigos internos, que, na sua opinião, são os únicos e verdadeiros demônios que precisam ser realmente combatidos.
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