Antes de tornar-se o dono do Alibaba Group, consta que Jack Ma teria recebido um “não” de dezenas de empresas diferentes (cerca de 30) sempre que tentava arrumar um emprego.

Muitos anos depois, já com uma razoável experiência de vida, ele recebeu mais dez “nãos” também da prestigiada Universidade de Harvard.

Tentou trabalhar para o Grupo chinês Yum, dono da marca KFC (que, curiosamente, tornar-se-ia uma parceira do Alibaba); no entanto, dos 24 candidatos a uma vaga, só um não conseguiu ser aceito: Jack Ma.

Quando tentou trabalhar para a polícia (ainda na China) recebeu a proposta de tentar um outro ramo, pois para esse ele não era “bom o suficiente”.

Mas quem pensa que tal “currículo” recheado seria um fator “desmotivacional” para ele, engana-se completamente! Pois hoje esse chinês de 55 anos é considerado uma das 21 pessoas mais poderosas do mundo na avaliação da Forbes.

Mas a sua história começa antes, bem antes, a 10 de setembro de 1964, quando nascia Ma Yun (seu nome real) na cidade de Hangzhou, na província de Zhejiang, China; de onde saiu para tornar-se um bilionário do segmento do e-commerce.

Consta que ainda na adolescência Jack Ma chamava a atenção pelo seu interesse em aprender inglês a todo o custo, fazendo questão de atuar como uma espécie de guia turístico na sua cidade, com o único objetivo de aprender a língua e, a partir daí, usufruir de todas as possibilidades que a cultura americana pode oferecer, especialmente no campo do empreendedorismo.

Hoje Jack Ma é considerado uma espécie de embaixador mundial quando o assunto são negócios na China. Já esteve em segundo lugar entre os “50 Maiores Líderes do Mundo” (pela revista Fortune), foi uma das “pessoas mais poderosas do planeta” em 2018 (pela Forbes), além de ter sido condecorado como um dos “Heróis da Filantropia da Ásia” (em 2019) – prêmio também concedido pela mesma revista.

Superação marca a trajetória do fundador do Alibaba

Atualmente Jack Ma é o homem mais rico da China, com um patrimônio estimado em US$ 44,3 bilhões de dólares, que o coloca na posição de 21º pessoa mais rica do mundo.

Mas a sua história começa quando ele, ainda jovem, dedicava-se a aprender o inglês em uma convivência estratégica com os hóspedes do Hotel Hangzhou International, na sua cidade. Estratégia essa que, inclusive, lhe valeu o apelido de Jack, dado por um dos hóspedes com dificuldades para pronunciar o seu nome.

A sua trajetória segue após quatro tentativas frustradas de ingressar na Universidade Normal de Hangzhou; e quando finalmente conseguiu, notou que a partir dali o seu destino já estava definitivamente traçado.

Pois lá graduou-se em inglês, ascendeu ao posto de chefe do grêmio estudantil da instituição, passou a professor de comércio internacional na mesma universidade, entre outras conquistas que seriam só o prenúncio de uma carreira não igualada por nenhum outro seu compatriota.

Hoje Jack Ma é um dos co-fundadores do Alibaba Group; um bilionário considerado dos mais excêntricos de que se tem notícia; capaz de realizar performances artísticas para entreter os seus funcionários e dar aulas de Tai Chi para garantir uma equipe ainda mais afiada.

Isso sem contar a inusitada despedida do Alibaba em uma apresentação no mínimo inusitada, como um astro do rock; entre outras extravagâncias que o tornaram um personagem único no universo do empreendedorismo.

Ele é o “crocodilo de Yangtze”, em uma provocação à gigante eBay, que se autointitula “ o tubarão do oceano”.

E chama a atenção também pelo seu apreço por cachorros, jogos de críquete, pela discrição quando o assunto são os seus laços familiares (o que leva a uma série de especulações), entre outros fatos inusitados de uma personalidade considerada sem igual no mundo dos negócios.

O Alibaba

Jack Ma é o fundador do Alibaba, uma plataforma de compras online que o tornou uma das maiores celebridades do segmento do empreendedorismo mundial.

A empresa – hoje “Alibaba Group” – foi fundada no ano de 1999 para ser uma plataforma de e-commerce de vendas no varejo, mas logo evoluiu para pagamentos online, motor buscador para compras, serviços de arquivamento na nuvem, entre outras exigências dos tempos modernos.

Tamanho investimento conseguiu arrebanhar um exército de mais de 250 milhões de clientes na China; o que torna a empresa dona de quase 2/3 do volume de entregas de produtos por via online no país e constantemente uma das três maiores plataformas de e-commerce do mundo.

Juntamente com a Lenovo e a Huawei, o Alibaba compõe a “tríade” das principais marcas globais da China na atualidade.

Mas a sua história começa há pouco mais de 20 anos, quando ele e alguns amigos decidiram, a partir do próprio apartamento de Jack, criar um site (o Alibaba.com) com o objetivo de unir os fabricantes chineses a potenciais compradores do mundo todo.

E a estratégia de Ma, de dedicar-se aos pequenos e médios empresários por meio de um verdadeiro “rastilho de pólvora” que é a internet, foi, sem dúvida, a sua grande “carta na manga”; uma verdadeira “arma secreta”.

Mesmo a partir de uma modesta estrutura de um apartamento que mal cabia as 17 pessoas que trabalhavam juntas, ele conseguiu fazer com que o site acumulasse mais de 1 bilhão de produtos e se tornasse um dos 20 sites com mais visitas dentre todos os que existem na atualidade.

E ainda ser uma das principais referências do segmento B2b (business-to-business), que pode ser definido como transações comerciais eletrônicas realizadas entre empresas de vários segmentos.

Um êxito empresarial sem precedentes na China

E o curioso é que o Alibaba permaneceu, na maior parte da sua existência, tendo como sede a cidade natal de Jack Ma, Hagzhou, que acabou (por uma ironia do destino) tornando-se uma das maiores potências mundiais do comércio eletrônico.

A plataforma também estabeleceu-se definitivamente como uma das maiores no segmento de depósitos de pagamentos online, já que cerca de 50% de todas as operações realizadas na China são feitas por seu intermédio.

Tal performance em muito contribuiu para fazer com que, em 2012, o Alibaba e os seus parceiros negociassem um montante de mais de US$ 170 bilhões de dólares em vendas – o que foi suficiente para que conseguisse a façanha de superar as até então insuperáveis Amazon e eBay.

Um verdadeiro fenômeno do segmento do e-commerce! O Alibaba conseguiu sair de uma avaliação anterior de US$ 55 bilhões de dólares para impressionantes US$ 120 bilhões!

E o resultado? Em 2014 ela finalmente estreava na Bolsa de Valores de Nova York. E a partir daí, o céu tornou-se o limite para o antigo sonho de Jack Ma de conectar todos os vendedores a todos os compradores do planeta!

Foi uma engenharia que em muito contribuiu para catapultar, ainda mais, a China como a principal rival dos Estados Unidos como potência econômica mundial.

E pensar que tudo começou com a insistência de Ma em aprender o idioma ianque… Os Estados Unidos lhe concediam, sem saber, uma ferramenta valiosíssima, por meio da qual ele daria uma das viradas pessoais mais impressionantes da história do empreendedorismo moderno.

Jack Ma e Alibaba: curiosidades

Um dos fundadores do Alibaba é considerado uma das personalidades mais excêntricas do segmento do empreendedorismo.

Ele é um confesso admirador do universo de Hollywood, de onde diz encontrar inspiração e força de vontade para seguir em frente.

Um dos seus filmes preferidos é o “Forrest Gump”: o contador de histórias. Filme estrelado por Tom Hanks, que mostra, entre outras coisas, como é possível superar as suas limitações com muita perseverança e, acima de tudo, criatividade.

É desse universo que Ma retirou o lema que utiliza na vida: “simplicidade e persistência”;  mesmo quando tudo o que você fizer parecer, aos olhos dos outros, uma verdadeira loucura; e ainda acreditar no que faz, saber exatamente o que está fazendo e onde quer chegar, além de simplicidade e prudência na hora de tomar decisões.

Jack Ma confessa que o seu amor pelo que faz talvez seja o seu maior “segredo”. E por isso ele segue investindo!

Comprou recentemente metade dos direitos do time de futebol mais popular da China, o Guangzhou Evergrande Football, por cerca de US$ 192 milhões de dólares.

E também faz constantemente ofertas públicas das ações da empresa. Mas com um detalhe: diferentemente do que é o convencional, não é ele o responsável por tocar o sino anunciando a abertura da Bolsa de Nova York, e sim um grupo de consumidores do Alibaba escolhido em concurso; como um dos fatos mais originais acerca da trajetória da empresa.

O gosto pela originalidade

Algo que também chama a atenção em Jack Ma é o fato de ele, apesar de ser o líder de um dos principais empreendimentos tecnológicos do planeta, não conhecer absolutamente nada de programação – ao contrário dos lendários Bill Gates e Steve Jobs, por exemplo.

Ele faz questão de brincar com o fato de nada conhecer acerca de códigos de computador; e talvez por isso mesmo faça tanta questão também de valorizar os seus profissionais em tecnologia; ao ponto de elevá-los ao patamar de principais responsáveis pela ascensão da empresa.

“De computador eu só entendo mesmo é de enviar e-mails”, brinca a respeito desse seu total desconhecimento da essência desse universo da computação.

Mas o curioso é que essa deficiência nenhuma dificuldade causa ao acompanhamento dos resultados da empresa; na verdade ele se gaba de ser o “primeiro a testar os serviços”, como um cidadão comum que tem contato, pela primeira vez, com o seu próprio produto.

O fundador do Alibaba Group também chama a atenção pela forma como lida com a fama e a riqueza. Ele não se cansa de afirmar o quão melancólica é às vezes a sua vida por saber que, no fundo, boa parte do respeito que conquistou veio juntamente com a riqueza; e de que a maioria das pessoas estão à sua volta não pelo que ele é, e sim pelo que ele tem.

Não deixa de ser uma surpresa, para muitos, tal relação com a fama. Saber que todo o respeito conquistado é pelo que se tem, e não pelo que se é, não deveria ser uma preocupação das grandes celebridades.

Mas o que se diz é que Ma fala constantemente de uma certa frustração por ser olhado e respeitado na rua de modo tão diferente de como era no passado, apesar de ainda ser, em essência, o mesmo indivíduo sonhador.

À parte as inúmeras polêmicas acerca de questões éticas – polêmicas e controvérsias que estariam por trás da sua ascensão no universo do empreendedorismo – , para os admiradores de Jack Ma ele é, sim, um exemplo a ser seguido.

Uma verdadeira lenda! Um exemplo de superação, foco e persistência poucas vezes igualado em qualquer atividade no mundo dos negócios.

A saída de Jack Ma do Alibaba

Desde setembro de 2019 Jack Ma não está mais à frente do Alibaba Group. Foram 20 anos no comando da gigante do e-commerce, até que, durante os eventos da Forbes Global CEO Conference, o empresário anunciasse a sua saída.

Segundo ele, já são 10 anos planejando esse momento. Desde 2009, como um bom oriental, ele já tinha em mente que as comemorações dos seus 20 anos à frente do grupo seriam também o momento ideal para que anunciasse o seu afastamento.

Mas, de acordo com o empresário, a sua saída da organização só pôde tornar-se assim tão tranquila e pouco traumática por que o grupo tem como um dos seus principais pilares a formação de novas lideranças com pensamento arrojado e robusto; e que, segundo ele, “valorizam novas formas de pensar e de trabalhar”.

E para que se tenha uma ideia do que estamos falando, o método criado pelos fundadores do grupo incentiva até mesmo o estudo aprofundado de várias escolas filosóficas, a Declaração de Independência dos Estados Unidos, o parlamentarismo britânico, o direito e a política greco-romana, entre outros conceitos cujo objetivo é deixar bem longe qualquer vestígio de centralização e autoritarismo na empresa, a fim que a “meritocracia” seja o único critério para todo e qualquer tipo de ascensão dentro do negócio.

“Uma cópia de Jack Ma no Alibaba Group certamente será demais para a empresa”, é o que ele costuma dizer repetidamente em tom de brincadeira. Pois, segundo ele, se é preciso reinventar-se a cada dia para a manutenção do negócio, porque não seria necessário reinventar-se quando o assunto é a sua liderança?

Por fim, obviamente, tal despedida do grupo não poderia ser mais uma como tantas outras. Nada disso! Ela foi feita durante um evento patrocinado por Ma para cerca de 80 mil pessoas, durante o qual ele não perdeu tempo!

Lá estava, totalmente caracterizado como um astro de rock; com direito a uma chamativa jaqueta preta, óculos escuros, piercings e uma guitarra de verdade; com a qual até arriscou algumas notas (curiosamente, de canções do repertório popular da China), em um dos momentos mais curiosos e singulares de que se tem notícia nesse universo do empreendedorismo.

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